Zygmunt Bauman cotejou a dinâmica contemporânea, ou modernidade líquida que é tão caracterizada pela fluidez, instabilidade e transitoriedade das relações humanas, sociais, identidades e instituições. Justamente o oposto da antiga modernidade sólida, dotada de forte estabilidade e certeza. Os padrões eram instituídos com evidentes marcas. Doravante, a sociedade líquida é marcada pelo desapego, por um individualismo extremo, além de constante busca de novas experiências. Esse individualismo contemporâneo se fortalece em detrimento da coletividade e da solidariedade, com busca crescente de maior liberdade e autonomia em suas vidas. Existe um desapego em relação aos bens e posses, tendendo-se a valorar mais as experiências e oportunidades de aperfeiçoamento pessoal. Eis que somos guiados pela cultura de consumo, e a identidade individual é definida, parcialmente, pelo que se tem e pelo que se compra. E, as redes sociais são o maior reflexo desse fenômeno, onde as pessoas se representam tais como produtos e mercadorias, e procuram validar toda uma existência por meio de likes e número de visualizações. Enfim, vige um império calcado do medo e na insegurança, que vai desde do medo de perder a identidade até o medo de ser excluído. Toda a dinâmica contemporânea é implacável mas é um período de transição e mudança, onde a fluidez e a instabilidade são as principais características da sociedade humana. Há um poema que bem retrata tudo isso, intitulado "O Tempo" de autoria de Mário Quintana que se refere à célere passagem do tempo e à necessidade de viver o presente. In litteris: "A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal… Quando se vê, já terminou o ano… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. (...)".