Poesia era fina
Era afiada.
Uma navalha afiada...
Desalinhava versões
em linhas, nós e rasgos
A cada buraco
vinha o silêncio do lirismo.
E, a rima solitária findava
em pleno outono
entre folhas caídas e
temperaturas baixas
E, em tom monótono.
Debaixo de muita roupa
Restava a sensação fria
de uma indiferença eloquente.
Fingimos não ver o que é óbvio.
Nossa cegueira institucional
Produz milagres com nossa miopia.
Que disse que tudo não passa um dia?
A solitude se esvai.
A candura se azeda.
E, a piada antes engraçada
resulta em insulto.
Vou pedir um indulto
Com perdão tudo fica leve...
Menos o coração...