"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


As lições filosóficas da tragédia

As lições filosóficas da tragédia

 

Resumo: A tragédia é gênero textual que celebra duas dimensões, uma cívica e outra religiosa, cívica porque surge nas festas apresentadas pelos cidadãos gregos e realizada na polis, religiosa, pois consiste na celebração de um deus, Dioniso. Surge no final do final do século VII, na região de Corinto, com os cantos de ditirambos, relacionados ao deus Dioniso e tem seu auge a partir do século V, em Atenas, perdendo seu vigor artístico, a partir do século IV, quando a filosofia triunfa. A palavra “tragédia” tem ligação com a figura do bode, etimologicamente expressada. Esse canto teria relação com o sacrifício do bode ao deus Dioniso, em lugar que posteriormente se tornaria o palco do teatro grego.

Palavras-chave: Tragédia. História. Filosofia. Teatro. Gênero textual.

 

 

Segundo uma antiga lenda, narra-se que o Rei Midas fora punido pelo deus Apolo com as orelhas de burro por ter decidido em favor de seu amigo. Pã tocando flauta entre os dois, vagando entre as matas da grande Frígia, o velho Sileno que era aio e preceptor de Dionísio fora perseguido e capturado por Midas, tendo sido instruído nos mistérios de Orfeu e Eumolpo, acolheu o sátiro por dez dias e depois o devolveu a Dionísio .

Exultante com o encontro de seu mestre, presenteou Midas com o famoso dom que iria ser trágico, pois tudo o que tocasse se converteria em ouro, incluindo a própria alimentação. Compadecido com o destino do Rei, Dionísio, ordenou-lhe que se banhasse no rio Pactolo e, cujas areias repassou aquela virtude.

A história do rei Midas é uma das mais famosas da mitologia grega e é frequentemente usada para ilustrar o conceito de "toque de Midas", que se refere a uma pessoa que tudo o que toca se torna bem-sucedido ou, em um contexto menos positivo, uma pessoa que tudo o que toca se transforma em ouro, o que pode ser um problema, como no caso de Midas.

Em detalhes, a história se desenrola assim: Hospitalidade a Sileno: Midas encontra Sileno embriagado e perdido no seu reino e oferece-lhe abrigo e cuidados.

O desejo concedido. Dionísio, grato pela ajuda, concede a Midas um desejo. O toque de ouro. Midas deseja que tudo o que ele tocasse se transformasse em ouro.

Foi a maldição. Midas logo percebe que o toque de ouro é uma maldição, pois ele não pode comer, beber ou tocar em seus entes queridos sem os transformar em ouro.

Purificação. Midas implora a Dionísio para que ele seja libertado da maldição, e Dionísio o manda banhar-se no rio Pactolo.

Libertação: Ao banhar-se no rio, Midas se livra do toque de ouro. Além do toque de ouro, a história de Midas também inclui outro episódio, em que ele é chamado a julgar um concurso musical entre Apolo e Pã. Midas escolhe Pã, e Apolo, como punição, transforma as orelhas de Midas em orelhas de burro.

Midas passou a odiar a riqueza, mudando-se para o campo e tornando-se seguidor de Pã, deus dos campos, dos pastores, dos sátiros etc. Pã decidiu desafiar Apolo (deus da música) em uma competição sobre qual deles, Apolo ou Midas, teria maiores habilidades musicais. Essa competição teria um árbitro, o deus Tmolo (deus das montanhas).

Tmolo decidiu que o vencedor era mesmo Apolo, e Midas não aceitou o resultado, questionando-o. Apolo não aceitou o desrespeito de Midas e o puniu, fazendo crescer nele orelhas de burro. Midas passou a usar turbantes para esconder as orelhas, mas o seu barbeiro sabia dessa característica dele.

O barbeiro foi ameaçado a não contar isso para ninguém, mas ele não pôde guardar o segredo, assim, ele abriu um buraco no chão e disse que Midas tinha orelhas de burro.

Os juncos que cresceram naquele local passaram a sussurrar o segredo do rei, e Midas puniu seu barbeiro ordenando a sua morte, e cometeu suicídio em seguida.

Foi a sofística que promoveu o deslocamento do pensamento do campo cosmogônico para o antropológico. O salto do mito para o logos, indo da fábula para a razão.

Enfim, os sofistas foram os pioneiros em equacionar os problemas ocorridos entre o homem e a divindade, conciliando o homem com a vida e seu destino. Novas questões consolidam como a piedade e a justiça tida como porção que cada um em sorte da vida.

A religião dos gregos é, basicamente, a religião da pólis, cheia de ritos oficiais, externos e coletivos que ligam o cidadão à sociedade e ao Estado. A filosofia e a tragédia são muito ligadas com o fenômeno religioso da Grécia.

Pois, logo nos primeiros relatos míticos, saciava-se a curiosidade por uma explicação racional da origem do cosmos e das coisas e, por figurar ritualmente a personalidade de deus Dionísio. Esse era o deus da vitalidade, da natureza fértil e da vegetação, especialmente, dos vinhedos. E, seu culto lhe prestavam um aspecto de selvagem, frenético até a obtenção do êxtase. Havia uma tendência para a vivificação dramática, com u diálogo lírico e epistêmico.

De acordo com Aristóteles, a tragédia é a imitação da ação e mais completa extensão, através da linguagem, que serve da ação e não da narração, considerando o temor capaz de promover a catarse de tais paixões. A tragédia surgiu do mito e do ritualismo cultural de Dionísio

A cidade de Atenas não acolheu em seus muros as danças e cerimônias, apesar de canalizar bem o poderoso poder dos festivais dionisíacos.

Nietzsche em 1872 publicou seu "Nascimento da Tragédia do Espírito da Música" e fora influenciado pela história da filologia, pelas teorias de Schopenhauer e pelas ideias de Wagner sobre o drama musical, pelas teorias de Schopenhauer e pelas ideias de Wagner sobre o drama musical, concebeu a própria tese de que a evolução da arte está intimamente ligada à dualidade do apolíneo e do dionisíaco.

Era nítida a evidência do contraste entre as formas plásticas e apolíneas com as formas não plásticas da música ou dionisíacas. O principium individuaionis adviria da razão ou racionalidade, estando associado a Apolo, expressão da "alvoroçada necessidade da experiencia do sonho"; o pavor êxtase gozoso emergiriam da ruptura daquele princípio no mais Íntimo do homem e da Natureza, constituindo um vislumbre da essência do dionisíaco análogo ao da embriaguez.

A narcose produzida pela bebida a que os hinos fazem menção e que existe entre os povos primitivos, alada A irrupção da primavera que faz estremecer de gozo a natureza, desperta os impulsos de Dionísio em cuja exaltação se funde o subjetivo com o total esquecimento de si mesmo, propiciando uma integração com o universo.

O filosofo alemão achou ter descoberto a fórmula explicativa a margem do espírito cientifico de aceitação universal: conceber a existência do homem e do mundo como fenômeno estético, e só enquanto tal justificada. Foi através da aceitação do mito trágico que tem de nos convencer de que até mesmo o feio e o desarmônico são parte de um jogo artístico que a vontade na eterna amplitude de seu prazer realiza consigo mesma.

Aristóteles fora o primeiro a teorizar sobre o conteúdo da tragédia a contrapondo ao da epopeia. Por vezes, pode ser substituído pelo relato de um acontecimento história. Move-se o homem entre os polos da piedade e do temor, da insolência ao comedimento, da justiça e da iniquidade, da liberdade conectada ao fatalismo.

A origem da tragédia é indissociável ao culto de Dionísio. A finalidade precípua da tragédia segundo Aristóteles seria a purificação ou catarse das paixões dos espectadores. Na resposta de Sileno a Midas, vemos a aniquilação total como solução para o problema da existência.

Na mitologia grega, o deus do vinho, das festas, do teatro e da alegria é chamado de Dionísio (com acento no "i"). O nome "Dioniso" (sem acento) também é usado, sendo considerado um equivalente, mas a forma mais comum e geralmente preferida é Dionísio.

O deus Dionísio era conhecido como o deus da libido e influenciava diretamente na fertilidade. É um dos mais importantes deuses da religião e mitologia grega. Conhecido como Baco na história romana, deu origem ao nome de uma festa chamada Bacanal.

Dionísio (com acento no i) e Dioniso (sem acento no i) são duas formas corretas para nos referirmos ao deus grego do vinho. No entanto, segundo Rebelo Gonçalves, no Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), Dioniso é o mitónimo masculino utilizado em referência a este deus grego, enquanto Dionísio é antropónimo pessoal.

Dioniso foi um deus presente na religiosidade grega, sendo o deus do vinho, das festas, da alegria, do teatro etc. Ficou conhecido como o único filho de uma mortal a ser transformado em um deus em toda a mitologia grega. Ele era filho de Zeus com uma princesa chamada Sêmele.

 

Seu nascimento, portanto, foi resultado de uma relação extraconjugal de Zeus, que era casado com Hera, deusa dos casamentos e das mulheres. Hera ficou marcada pelos ciúmes que tinha de seu marido e por se vingar de todas que se envolviam com ele, e não foi diferente com Sêmele.

Sob disfarce, Hera convenceu Sêmele a pedir a Zeus que ele usasse as roupas que demonstravam todo o seu esplendor, e assim a princesa o fez. Zeus, então, vestiu as roupas que usava no Monte Olimpo, assumindo todo o esplendor de sua forma. Imediatamente, o corpo de Sêmele transformou-se em cinzas, pois não suportou a luz imanada pelo corpo de Zeus.

Dioniso então se tornou órfão de mãe e foi entregue por seu pai a ninfas, a fim de que fosse criado por elas. Outras versões do mito apontam que ele teria sido criado por sátiros ou por um velho sábio chamado Sileno, conhecido posteriormente como um dos seus seguidores mais fiéis.

Originalmente, Dioniso era um semideus, pois era filho de Zeus com uma mortal. No entanto, ele foi o único caso de um semideus que passou a ser um deus, sendo, inclusive, aceito no Monte Olimpo. Isso aconteceu porque Hera, após ter sido libertada de correntes por Dioniso, transformou-o em uma divindade como recompensa. Hera teria sido acorrentada por Hefesto, deus da metalurgia.

Dioniso protagonizou uma série de mitos gregos. Um deles fala de Midas, rei da Frígia (região que fica na atual Turquia). Nesse mito, Midas teria encontrado Sileno, mentor de Dioniso, bêbado e perdido nos domínios de seu reino, e teria dado abrigo a ele, além de ter prestado todo o cuidado para a sua recuperação.

Alguns dias depois, o rei levou Sileno para onde Dioniso morava, e, por isso, o deus ficou profundamente agradecido. Assim Dioniso decidiu recompensar Midas dando-lhe o direito de fazer um pedido.

Midas então pediu que tudo que ele tocasse fosse transformado em ouro, e assim Dioniso o fez. Esse pedido de Midas foi uma demonstração do quanto ele era apaixonado por riqueza, mas logo o rei percebeu que havia cometido um equívoco, pois literalmente tudo que ele tocava se transformava em ouro, incluindo os alimentos e a água.

Midas ficou desesperado, pois morreria sem comer, e logo fez uma prece para que Dioniso o livrasse desse poder. Dioniso atendeu ao pedido de Midas e disse-lhe que ele deveria banhar-se no rio Pactolo para tanto. Midas obedeceu às ordens de Dioniso, e, depois de banhar-se no rio, percebeu que já não transformava os objetos que tocava em ouro.

Em outro mito, Dioniso, sob o disfarce de um menino, descansava na ilha de Dia, quando foi sequestrado por marinheiros que passaram pela ilha a caminho de Delos. A ideia era vender o menino como um escravo no Egito. De todos os marinheiros, somente Acetes manifestou ser abertamente contra o sequestro.

Acontece que, durante a viagem, Dioniso transformou parte do navio em uma grande vinha, e o som de flautas e o cheiro de vinho espalharam-se pela embarcação.

Assim, os marinheiros, amedrontados, lançaram-se no mar, sendo transformados em golfinhos quando tocavam a água. O único que saiu ileso foi Acetes.

A tragédia tem raízes antigas, com as suas origens a serem encontradas no teatro grego , especificamente nas celebrações em honra a Dionísio, deus do vinho e do teatro. A tragédia, como forma dramática, começou a desenvolver-se no século VI a.C. em Atenas, com Ésquilo, Sófocles e Eurípedes sendo os seus principais autores.

Suas origens foram fincadas no ritual dionisíaco.

A tragédia tem as suas raízes nos rituais dionisíacos, onde a palavra "tragédia" vem de "tragos", que significa "cabra" ou "bode", animal sacrificado nestes rituais.

O teatro grego, e a tragédia em particular, surgiram no contexto de festas em homenagem a Dionísio, onde o uso de máscaras e a prática do canto e da dança eram importantes elementos.

Ésquilo é considerado um dos primeiros a introduzir o diálogo na tragédia, expandindo a forma dramática.

Sófocles e Eurípedes desenvolveram a tragédia ainda mais, com Sófocles a enfatizar a liberdade de escolha dos seus personagens e Eurípedes a abordar questões mais sociais e filosóficas.

As tragédias gregas envolvem personagens nobres, frequentemente deuses, semideuses ou heróis mitológicos, que enfrentam conflitos que levam à sua desgraça.

Conflito: A tragédia é construída em torno de um conflito, muitas vezes envolvendo o protagonista e uma força maior, como os deuses ou o destino, que conduz a um desfecho trágico.

Catarse: Um dos objetivos da tragédia é gerar catarse, ou purgação dos sentimentos, através da experiência de terror e compaixão que a história trágica provoca no público.

Coro: O coro desempenha um papel importante na tragédia, comentando a ação, fornecendo informações e oferecendo reflexões filosóficas.

A tragédia grega é considerada um ponto alto da arte e da literatura gregas, influenciando profundamente o teatro e a cultura ocidental.

Aristóteles, no seu tratado "Poética", analisou e definiu os elementos da tragédia, incluindo a forma, a estrutura e a função do coro.

Nietzsche e o "Nascimento da Tragédia": Nietzsche explorou a tragédia como um reflexo do espírito dionisíaco, defendendo que a tragédia tem a capacidade de manifestar o lado mais profundo e irracional da experiência humana.

O trágico, por sua vez é uma postura filosófica, uma tentativa de conciliar a realidade com a arte, com o discurso político e religioso da sociedade, uma maneira de negociar com o supra-humano e o humano, com as oposições internas, com a ambivalência da vida humana, a modo de uma problematização do mito na tragédia, ocorrida sobretudo no período de consolidação da democracia grega, e da instituição jurídica da pólis.

Esse gênero marca um distanciamento do homem grego com o mito, mas não uma ruptura, pois os mitos são revisitados e revestidos com novas roupagens culturais, na dimensão política do século V.

Três filósofos ocupam especiais posições nos debates e reflexões a respeito da tragédia. Na Grécia, Platão e Aristóteles e nos meados do século XIX Nietzsche.

Platão é o ponto de partida para as discussões sobre a tragédia. Considerava a tragédia como uma convulsão emocional que o aterrorizava, talvez por imaginar que todas as pessoas eram afetadas pela poesia de modo tão profundo quanto ele. A tragédia seria uma espécie natural de poesia formalmente definida que expressa a capacidade básica e inata dos homens.

Aristóteles fez com que a tragédia parecesse menos aleatória ou não necessariamente ateniense, sendo inevitável e humana. Por ser inerente à própria natureza, seria inventada mais cedo ou mais tarde, ou como vimos em Freud, por estar dentro do homem, apenas aguardava um sopro genial para que pudesse ser expressa.

Para o povo grego, e mesmo para a polis, a tragédia tinha uma importância política e ideológica muito superior a qualquer gênero ou manifestação artística, por falar de algo tão íntimo.

Platão acreditava que a polis constituía a possibilidade de felicidade e excelência humana. A tragédia trazia ao palco dificuldades de homens que cometeram erros que seriam perfeitamente evitáveis se as pessoas tivessem um treino filosófico apropriado. Para ele é a hamartemata. A tragédia é causada pelo erro do homem ao se afastar da verdade.

Aristóteles, ao contrário de Platão, minimiza a teatralidade, aceita a condição teatral como intrínseca e, portanto neutra, deixando de considerá-la perigosamente sedutora. Na sua História da Tragédia, trata das dimensões formais nos contextos das polis, não sugerindo nada que se refira a função institucional da tragédia. Aristóteles mostra a evolução da tragédia afastando-se do culto para tomá-la como peça literária.

Descontextualizada institucionalmente, é entendida como texto disponível, em vez de encenação, ou seja, não se trata de um ritual. Ele faz ainda a observação do gênero e uma análise teleológica, deixando a estrutura imanente.

Reprise-se que ainda em 1871 Friedrich Nietzsche publicou seu primeiro livro intitulado "O Nascimento da Tragédia" , no qual faz uma análise da cultura grega e da relação entre a arte e o conhecimento, exaltando a música de Richard Wagner por sua influência sobre o espírito alemão. Ele pergunta se os gregos tinham necessidade da tragédia e da arte. A indagação do porquê se aproxima de uma questão fundamental: o valor de existir.

De acordo com Nestle, “a tragédia nasce quando se começa a olhar o mito com os olhos de cidadão".

A tragédia está inserida na cultura fundada pelas civilizações dos gregos arcaicos. A questão fundamental que a tragédia divisa é a da natureza humana, da contradição que não cessa de se refazer e da harmonia dos contrários da qual emerge todos os homens, seres inconclusos, não rematados, cuja produção cultural é inaugurada pela falta, porque o homem sente a angústia de sua condição humana e deseja triunfar sobre essa condição.

O homem trágico caminha entre o tempo linear e o eterno, na constante circularidade do seu tempo interior.

As tragédias gregas oferecem diversas lições filosóficas, abordando temas como o destino, a natureza humana, a justiça, a relação entre o homem e os deuses, e a importância da razão e da ética na vida. Elas exploram o conflito entre a liberdade humana e as forças inexoráveis do destino, questionando a natureza do bem e do mal, e refletindo sobre a fragilidade da existência e a inevitabilidade do sofrimento.

O destino versus livre-arbítrio: As tragédias frequentemente colocam em cena personagens confrontados com um destino implacável, questionando até que ponto o ser humano tem controle sobre suas ações e a própria vida. O confronto entre o destino e a vontade individual é um tema central, com personagens como Édipo, que tenta evitar seu trágico destino, mas acaba caindo em suas armadilhas.

A natureza humana um enigma cruel. As tragédias revelam a complexidade da natureza humana, com seus vícios, paixões e impulsos, mas também com sua capacidade de grandeza e sofrimento.

Personagens como Antígona demonstram a força de caráter e a luta por princípios morais, enquanto outros, como Medeia, revelam o lado sombrio e destrutivo da paixão.

A justiça e a moral. As tragédias gregas frequentemente exploram a noção de justiça, tanto divina quanto humana. A busca por justiça, a transgressão de leis divinas ou humanas, e as consequências dessas ações são temas recorrentes, questionando o que é justo e como a justiça é aplicada.

A relação entre o homem e os deuses. As tragédias questionam a relação entre o homem e os deuses, explorando a natureza divina e o poder dos deuses sobre a vida humana. O papel dos deuses como agentes do destino ou como figuras de autoridade moral é frequentemente debatido, com personagens como Agamemnon enfrentando as consequências da ira divina.

A importância da razão e da ética. Embora as tragédias sejam frequentemente marcadas por emoções fortes, elas também enfatizam a importância da razão e da ética na vida.

A busca por conhecimento, a reflexão sobre as ações e suas consequências, e a necessidade de agir de acordo com princípios morais são temas relevantes nas tragédias, como exemplificado pelo personagem de Édipo .

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GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/06/2025
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