Aborto afetivo.
Poderia ter amado. Mas, não amou. Poderia ter se importado, mas não se importava.
Negligenciava inteiramente aquela pessoa. Até a sombras das árvores eram mais notáveis e perceptíveis.
Poderia ter educado. Mas, criou como se cria galinhas e patos. Poderia ter ensinado.
Mas, adestrou feito um caça de caça. Ou pior, um cão de companhia. A solidão entre os dois, era sólida, era pétrea.
A disponibilidade deitada no infinito passando pela ampulheta do tempo.
Você cresceu. Eu, envelheci. Perdi oportunidades. Galguei outras.
A sabedoria curvou meus cílios. E, o cansaço curvou minhas costas.
O kharma de existir. De sobreviver. E, ponderar sobre as reticências ou vestígios anômalos.
Pedi para que amasse. Implorei atenção de todas as formas. Mas, não adiantou.
Tudo não passou de mero aborto afetivo.
Você se recusava e, eu assenti.